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A Casa dos Sentidos é uma colectânea de 26 textos que Sérgio Fazenda Rodrigues (SFR) publicou no mais antigo jornal diário português, o Açoriano Oriental, entre Abril de 2007 e Março de 2009. Iniciando-se com uma periodicidade irregular, com o andar do tempo, acabaria por se tornar mensal, com publicação na página central do jornal.
     Não resisto a ver em SFR o atleta de fundo que, com uma inicial prestação irregular nos primeiros quilómetros, se lança determinado, qual queniano, até ao fim, descolando em passada firme e exemplar. Uma colaboração constante durante um período longo é reveladora da sua perseverança e da boa aceitação dos leitores – que constituem um público vasto, heterogéneo, mas leigo e fortemente massacrado e mal induzido pelas imagens da publicidade constante à má arquitectura, à venda, e que enche diariamente várias páginas do mesmo jornal.
     Cada texto é agora ilustrado com um esquiço, um apontamento ou um desenho enriquecedor. SFR tem o mérito de se aproximar e dar a conhecer arquitectura ao leitor do jornal e agora, nesta publicação, ao grande público em geral. Numa época em que se assiste à democratização da arquitectura, parece importante que a mesma seja sustentada junto do leigo de uma forma que lhe permita entendê-la, reconhecê-la e vê-la, conforme o livro permite na condução que lhe assiste. Fugindo à retórica dos arquitectos, sem que com isso deixe de ser rigoroso e crítico, disponibiliza os cinco sentidos através de uma leitura fácil, a leitura das arquitecturas.
     Vinte e seis textos conduzidos pelo “Sentido da Casa” e levados pelos sentidos, cada um de per si, dão-nos a conhecer a razão de ser de tantos dos elementos de projecto que instintiva e subconscientemente os sentidos nos ditam, e que tantas vezes já não consciencializamos para os explicar, para os desvendar e interpretar. Esta colectânea é “saber ver a arquitectura”, como Pedro Costa refere na introdução do livro.
     Através de textos simples e curtos, como não poderia deixar de ser tendo em conta o veículo divulgador e o público leitor que o autor consciencializou, SFR não se deixa manietar por uma erudição que lhe teria retirado a abrangência pretendida e a atitude didáctica de que se revestiu e reveste. Assim, contribui para a divulgação do “saber fazer”, do “saber ler” a arquitectura, muitas vezes com recurso a exemplos de autores e obras reconhecidos, levando-nos a vê-la, saboreá-la, ouvi-la, cheirá-la ou tacteá-la, na ambição da sua compreensão, na aprendizagem determinante da emoção que o objecto ímpar nos proporciona.
     Um trabalho divulgador mas também crítico da disciplina. Um livro que bem poderá passar a constar das bibliografias dos estudantes dos primeiros anos de Arquitectura e que também recomendaria ao grande público que connosco se cruza.|

 


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